O lado fiscal do “novo normal” nas economias avançadas

Há um "novo normal" com custos de financiamento significativamente mais altos do que na última década. Se melhorias nos saldos primários dos governos não puderem ser alcançadas para compensar taxas reais mais altas e crescimento potencial mais baixo, a dívida soberana continuará a crescer. Isso também poderá trazer implicações para a saúde do setor financeiro. Taxas de juros mais altas, níveis mais altos de dívida soberana e uma parcela maior dessa dívida no balanço do setor bancário tornam o setor financeiro mais vulnerável. Uma reconstrução gradual e crível de amortecedores fiscais que garantam a sustentabilidade de longo prazo de dívidas soberanas será apropriada no "novo normal" do regime de políticas macroeconômicas.

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O que está acontecendo com taxas longas de juros na economia global

Rendimento de títulos dos EUA de 10 anos saltou de 3,8% ao ano no final do segundo trimestre para acima de 4,7%. Que causas podem ser apontadas como explicação para elevações nas taxas de juros nos títulos de longa duração em relação às taxas nos mercados monetários, que refletem as taxas básicas implementadas por bancos centrais? Duas são possíveis.

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Para onde vão as taxas naturais de juros + Para onde vai a Selic

1. Quão durável será a mudança de regime macroeconômico nas economias mais ricas desde 2021? Passado o momento de aperto monetário e consequente estabilização inflacionária em patamares mais baixos, em dois anos ou mais voltarão as taxas de juros nas economias avançadas a níveis tão baixos quanto os das últimas décadas? Ou algo fundamental mudou, aumentando a frequência de choques de preços e a necessidade de juros mais altos? Para os economistas, essa pergunta equivale a: “para onde vão as taxas ‘naturais’ de juros?” 2. Caso se mantenham estáveis os parâmetros estruturais de demanda e oferta da economia brasileira, a Selic nominal deverá estar algo em torno de 7,5% ao ano em fins de 2025, ou seja, a soma da taxa real neutra de 4,5% e da meta de 3% de inflação.

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Por que o estresse bancário nos Estados Unidos dessa vez é diferente

Está o sistema bancário dos Estados Unidos à beira de um precipício como o de 2008? Seriam as últimas semanas o prenúncio de uma nova crise sistêmica? O dilema do Fed entre combater inflação e assegurar estabilidade financeira ficou mais apertado, com “dominância financeira” caso os juros sejam mantidos abaixo do que a política contra a inflação recomendaria. Apesar do otimismo de que o estresse no sistema financeiro será contido, um endurecimento de condições financeiras – em ações e crédito - já está ocorrendo.

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Ambiente Macroeconômico nos Países Avançados Atravessa Mudanças

Neste ano, assistimos o curso de três mudanças significativas no ambiente macroeconômico das economias avançadas em relação ao período posterior à crise financeira global de 2008. Primeiro, já em 2021, a possível insuficiência crônica de demanda agregada de antes deu lugar a choques de restrições no lado da oferta e à subida inflacionária. Como consequência, a era de liquidez abundante e barata provida por bancos centrais deu lugar a juros mais altos e a apertos na liquidez neste ano. Finalmente, como resultado das mudanças anteriores, viu-se forte desvalorização de ativos financeiros e receios quanto a múltiplas possibilidades de choques em 2023.

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O Fed mira o mercado de trabalho

Demanda por trabalhadores excede a oferta de trabalho disponível e afeta controle da inflação nos EUA. A julgar pela apresentação de Jerome Powell na semana passada, em Brookings, e pelos receios de espirais entre preços e salários, é no mercado de trabalho que será escrito o script da política monetária do Fed.

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Recessão global parece a caminho

Há uma sincronia internacional no aperto de políticas monetária e fiscal. A probabilidade de retroalimentação de políticas monetárias restritivas é maior quando todas estão respondendo a um problema inflacionário que lhes é comum. A revisão para baixo nas projeções de crescimento global em 2022 e 2023 já tem sido notável.

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A economia dos Estados Unidos está em recessão?

Uma convenção comumente adotada é a de se chamar de “recessão técnica” quando se tem pelo menos dois trimestres consecutivos de redução do PIB. No entanto, há motivos para se considerar prematura tal declaração nesse momento, mesmo se reconhecendo sinais claros e inegáveis de desaceleração do crescimento na margem. A rigor, a trama da “novela do Fed” continuará tensa no futuro à frente, com dois pontos permanecendo obscuros: caso de fato a economia caia em uma recessão, quão rasa ou profunda esta será? Quão rígida para baixo se mostrará a taxa de inflação medida por seu núcleo?

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Bolsas dos Estados Unidos sofreram declínio não visto em meio século

Percepção de riscos de recessão nos EUA e na Europa tem sido um fator de peso na evasão de investidores, escreve Otaviano Canuto. Mesmo se sabendo que há uma defasagem temporal entre decisões de juros e seus efeitos, o Fed não poderá ignorar o que for ocorrendo com índices inflacionários mensais durante a travessia até o próximo ano, diz o articulista.

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Começou o ‘aperto quantitativo’

Além de elevações recentes e futuras nas taxas básicas de juros, as condições de liquidez na economia dos Estados Unidos serão também afetadas pelo encolhimento do balanço do Federal Reserve (Fed) iniciado esse mês. O “afrouxamento quantitativo” (“QE” em inglês) retomado com força em março de 2020, como resposta ao choque financeiro no início da pandemia, dará lugar agora a um “aperto quantitativo” (“QT” em inglês). Ascensão de juros, QT e quedas nas bolsas estão apontando consistentemente numa direção de desaquecimento econômico e, tentativamente, declínio na inflação. E o fim está ainda longe.

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Tempestade armada na economia mundial + Impacto da guerra nos preços dos alimentos

1. Podcast O Assunto: Associada ao aumento de preços com a recuperação da atividade pós-pandemia, a inflação se consolidou como fenômeno global. E leva bancos centrais a decidir por apertos monetários, colocando recessão no horizonte. Dados divulgados nesta quarta-feira nos EUA mostram que a taxa acumulada em 12 meses chegou a 8,3% em abril, perto do maior patamar desde 1981. 2, Canal MyNews: No Cruzando Fronteiras desta sexta (13), Jamil Chade recebe o economista Otaviano Canuto, pesquisador do Policy Center for the New South. Na pauta, o impacto da guerra da Ucrânia nos preços dos alimentos.

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Cadeias de Valor Rompidas Esquentam a Novela do Fed, Escreve Otaviano Canuto

Fechamento de fábricas na China no começo do ano passado, confinamentos em muitos países e, em seguida, congestionamentos em redes logísticas de transporte de bens, restrições de capacidade diante de súbitos aumentos de demanda e escassez de mão de obra vêm afetando negativamente a disponibilidade de insumos e produtos no mundo inteiro.. O fato é que o cenário inflacionário começou a mudar com a perspectiva de que as rupturas nas cadeias de valor levarão algum tempo até ser consertadas, tomando no mínimo até a primeira metade de 2022.

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Cedulas, dinheiro, DOlar. Brasilia, 03-09-18. Foto: Sérgio Lima/Poder360

A novela do Fed, escreve Otaviano Canuto

Uma delicada transição está em curso na economia dos EUA. Tanto autoridades fiscais quanto monetárias já deram sinais claros de não contar com –e desejar– o retorno aos patamares de inflação prévios à pandemia, algo inclusive manifesto na mudança de 2% ao ano para média e não mais teto. Agora, que critérios adotar para considerar ser a hora de apertar para impedir que uma inflação acima de 2% contamine credibilidade e expectativas é algo ainda longe de clareza.

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