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Cedulas, dinheiro, DOlar. Brasilia, 03-09-18. Foto: Sérgio Lima/Poder360

A novela do Fed, escreve Otaviano Canuto

Uma delicada transição está em curso na economia dos EUA. Tanto autoridades fiscais quanto monetárias já deram sinais claros de não contar com –e desejar– o retorno aos patamares de inflação prévios à pandemia, algo inclusive manifesto na mudança de 2% ao ano para média e não mais teto. Agora, que critérios adotar para considerar ser a hora de apertar para impedir que uma inflação acima de 2% contamine credibilidade e expectativas é algo ainda longe de clareza.

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A possível queda de braço entre o Fed e os mercados

Parece permanecer uma dupla divergência entre o mercado e o Fed. As projeções de inflação embutidas nos preços dos títulos permanecem acima daquelas apresentadas pelo Fed. Além disso, parece haver dissonância entre o modo de ação anunciado pelo Fed e o que os mercados preveem como “função de reação” pelo Fed. A atual passividade do Fed em relação aos juros longos pode sempre dar lugar a uma revisão de tal posição, a título de estabilização caso a volatilidade se acentue na parte longa da curva de juros.

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O tamanho do pacote fiscal de Biden, por Otaviano Canuto

Segundo a Secretária do Tesouro, Janet Yellen, seria melhor correr o risco de excesso do que de insuficiência. Além disso, o novo regime de política monetária do Federal Reserve põe os 2% de meta de inflação como uma média, não como um teto forçando reações de política monetária para evitá-lo de antemão. Depois de longo período de inflação abaixo dos 2% mesmo em anos com baixo desemprego e juros no piso, as autoridades monetárias poderão se dar ao luxo de esperar algum tempo com inflação acima da média até ser compelidas a apertar os botões.

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Faz sentido atribuir papel concentrador de renda e riqueza às políticas de bancos centrais?

Volatilidade e desempenho da macroeconomia aquém de seu potencial prejudicam em particular a parte de baixo da pirâmide de renda e riqueza. O cumprimento adequado da função estabilizadora a cargo de bancos centrais é bom para quem tem menor capacidade de defesa quanto ao desemprego e a inflação. Se, por um lado, não parece adequado dizer que políticas de estabilização pelos bancos centrais aumentam a desigualdade, por outro se reconhece cada vez mais como a desigualdade de renda e riqueza afeta a eficácia de suas políticas,

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Poderia o Banco Central fazer “afrouxamento quantitativo”?, analisa Otaviano Canuto

A percepção de riscos fiscais, ou seja, de não retorno a alguma trajetória não explosiva a partir do ano que vem é o que subjaz tanto a subida de juros longos quanto, em parte, a persistência da desvalorização cambial. O Tesouro pôde evitar ter que pagar juros mais altos na cobertura do extraordinário e justificável déficit público desse ano mediante endividamento de curto prazo. Mas em algum momento à frente as necessidades de rolagem vão impor um enfrentamento daquelas dúvidas, até porque o encurtamento da dívida também acentua a vulnerabilidade diante de surtos de desconfiança. Nesse contexto, fazer twist com a dívida pública, mesmo com a venda de títulos curtos enxugando a liquidez colocada via compra de dívida longa, poderia incorrer em outro risco. Se os juros longos estão refletindo prêmios de risco fiscal exigidos por detentores, reduzi­r juros na marra pode simplesmente levar tais detentores alhures, inclusive para fora, o que poderia levar ao círculo vicioso entre desvalorização cambial, inflação e taxas de juros.

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Por que os juros nas economias avançadas continuarão baixos

A ação de bancos centrais das economias avançadas tem sido mais reativa que proativa, mais reflexo do que causa, e na ausência dela o desempenho macroeconômico teria sido ainda mais medíocre do que o verificado. O fato é que as taxas de juros reais –de curto e longo prazos– vêm declinando há décadas, ao longo das quais bancos centrais tiveram de responder a vários choques. Como não houve aceleração inflacionária, pode-se presumir que as taxas “naturais” de juros –aquelas nas quais fluxos de poupança e investimentos estão próximos o suficiente para evitar que excessos de demanda ou de oferta provoquem inflação ou recessão– vêm caindo.

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