O lado fiscal do “novo normal” nas economias avançadas

Há um "novo normal" com custos de financiamento significativamente mais altos do que na última década. Se melhorias nos saldos primários dos governos não puderem ser alcançadas para compensar taxas reais mais altas e crescimento potencial mais baixo, a dívida soberana continuará a crescer. Isso também poderá trazer implicações para a saúde do setor financeiro. Taxas de juros mais altas, níveis mais altos de dívida soberana e uma parcela maior dessa dívida no balanço do setor bancário tornam o setor financeiro mais vulnerável. Uma reconstrução gradual e crível de amortecedores fiscais que garantam a sustentabilidade de longo prazo de dívidas soberanas será apropriada no "novo normal" do regime de políticas macroeconômicas.

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A Guerra Global de Subsídios

Qualquer avaliação econômica de custos e benefícios desses programas de subsídios enfrenta uma dificuldade inerente ao se levar em conta que os resultados buscados não são estritamente econômicos. Existe o risco de os países, especialmente os EUA e a China, adotarem definições cada vez mais amplas do que constitui um setor estratégico, disparando novas “guerras globais de subsídios”

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Os impactos econômicos globais da guerra entre Hamas e Israel

A oferta e os preços de energia são os principais canais de transmissão econômica global da guerra entre Israel e Hamas. Os efeitos do conflito nos mercados globais de matérias-primas têm sido limitados até agora. Esse quadro dará lugar a mudanças acentuadas caso o conflito se agrave e se alastre. Para além do efeito devastador sobre vidas trazido por uma extensão e agravamento da guerra, não é o caso de se menosprezar os efeitos sobre pobres e a segurança alimentar e energética no planeta.

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O que está acontecendo com taxas longas de juros na economia global

Rendimento de títulos dos EUA de 10 anos saltou de 3,8% ao ano no final do segundo trimestre para acima de 4,7%. Que causas podem ser apontadas como explicação para elevações nas taxas de juros nos títulos de longa duração em relação às taxas nos mercados monetários, que refletem as taxas básicas implementadas por bancos centrais? Duas são possíveis.

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Por que cresce o uso de moedas locais em pagamentos internacionais

Pares de países têm acordado liquidar transações comerciais e financeiras entre si em suas moedas locais, em geral mediante acordos bilaterais entre seus bancos centrais. A China tem sido capaz de usar sua moeda para liquidar metade de suas transações externas de comércio e investimento. O uso crescente de moedas locais em pagamentos externos será parte do que já chamamos aqui de “desdolarização devagar e limitada”. A “fragmentação” parcial do sistema global de pagamentos está em curso.

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Os custos das fraturas no comércio global

A frequência e a abrangência de medidas comerciais e políticas industriais discriminando agentes externos, particularmente nas economias avançadas, aumentaram no passado recente. Tem-se assistido a uma variedade de políticas públicas nessa direção, como a imposição de tarifas, o endurecimento de regras para investimentos estrangeiros e a renegociação de acordos comerciais para incluir termos mais restritivos. Uma fragmentação geoeconômica global traria danos particularmente para economias emergentes e em desenvolvimento

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Para onde vão as taxas naturais de juros + Para onde vai a Selic

1. Quão durável será a mudança de regime macroeconômico nas economias mais ricas desde 2021? Passado o momento de aperto monetário e consequente estabilização inflacionária em patamares mais baixos, em dois anos ou mais voltarão as taxas de juros nas economias avançadas a níveis tão baixos quanto os das últimas décadas? Ou algo fundamental mudou, aumentando a frequência de choques de preços e a necessidade de juros mais altos? Para os economistas, essa pergunta equivale a: “para onde vão as taxas ‘naturais’ de juros?” 2. Caso se mantenham estáveis os parâmetros estruturais de demanda e oferta da economia brasileira, a Selic nominal deverá estar algo em torno de 7,5% ao ano em fins de 2025, ou seja, a soma da taxa real neutra de 4,5% e da meta de 3% de inflação.

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Por que haverá uma desdolarização devagar e limitada

Tem havido uma redução no grau de "dominância" do dólar, com uma queda se sua parcela nas reservas dos bancos centrais desde a virada do século, de 71% em 1999 para 58,4% ao final de 2022. Contudo, fatores gravitacionais favorecem a continuidade da posição central do dólar em mercados financeiros internacionais, nas faturas e pagamentos comerciais, assim como em reservas cambiais públicas e privadas

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Por que o estresse bancário nos Estados Unidos dessa vez é diferente

Está o sistema bancário dos Estados Unidos à beira de um precipício como o de 2008? Seriam as últimas semanas o prenúncio de uma nova crise sistêmica? O dilema do Fed entre combater inflação e assegurar estabilidade financeira ficou mais apertado, com “dominância financeira” caso os juros sejam mantidos abaixo do que a política contra a inflação recomendaria. Apesar do otimismo de que o estresse no sistema financeiro será contido, um endurecimento de condições financeiras – em ações e crédito - já está ocorrendo.

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